Há um tempo descobri que tenho a doença celíaca. Para quem
não sabe, a doença celíaca refere-se à intolerância a alimentos com glúten,
sendo que a ingestão dos mesmos pode causar danos ao intestino delgado do celíaco.
Além disto, tenho também intolerância à lactose, o que pode
ser bastante comum aos celíacos. Não foi fácil acostumar com este novo estilo
de vida, até porque uma reeducação alimentar rigorosa teve que ser feita no meu
dia-a-dia. Mas a minha preocupação também era outra: “como vou me virar nas
minhas viagens?”.
A minha primeira experiência foi na viagem que fiz em
Outubro/2012 para a Namíbia e África do Sul através do STB Brasil. Fiz um tour
de 2 semanas do G Adventures e, ao fazer minha reserva, fiquei reticente em relatar
sobre a minha intolerância. Hoje percebo que foi uma grande bobagem!
Os detalhes sobre esta viagem virão em outro post. Neste eu
focarei apenas na minha experiência gastronômica.
Para vocês entenderem melhor, vou apenas resumir como são
realizados estes tours: são viagens de mais ou menos 20 pessoas do mundo
inteiro, realizadas através de ônibus pelos destinos em questão. No caso da
África, a viagem é feita em ‘trucks’, aqueles ônibus-caminhões para passeios.
Um motorista e um guia local acompanham os viajantes em todo o trajeto,
mostrando o que há de melhor nas localidades e contando causos e curiosidades.
Como as alimentações estão inclusas no roteiro e quem as faz
é o próprio guia com ajuda dos viajantes, no início procurei discretamente
optar pelos alimentos sem glúten. Mas chegou em um ponto onde começou a ficar
impossível: um dia teve apenas cachorro-quente no lanche, por exemplo. Até que
paramos num supermercado e comentei com a guia “você por acaso sabe se consigo
alimentos sem glúten aqui?”. Com um olhar de “como assim você não me contou
antes?”, ela fez questão de providenciar por conta do tour mesmo as minhas
compras.
E daí em diante foi só alegria! Ela comprou biscoitos de arroz
para o meu café da manhã, leite de soja e fazia sempre o almoço e jantar
separados pra mim. Fui tão bem tratada que percebi que eu não precisava ter
vergonha desta condição! Em um dia, após fazer sandboarding, acabei “chutando o
balde” e comi um sanduíche com presunto e tomei uma cerveja! Meus colegas de
viagem chamaram este dia de “Marina’s Day Off”!
Minha segunda experiência ocorreu em Orlando em Julho/2013,
quando fui guia do programa English Days at Disney, promovido pelo STB. Mais
uma vez, fui preocupada pensando no que eu comeria nos Parques, já que iria
ficar grande parte do tempo acompanhando um grupo de jovens pela Disney.
E, mais uma vez, fui surpreendida pela receptividade e
preparação das pessoas e restaurantes!
Nos parques da Disney, os restaurantes possuem sempre opções
para pessoas com alergias. No primeiro parque que fui, o Blizzard Beach,
cheguei ao restaurante e perguntei “o que vocês teriam para celíacos?”. Na
mesma hora, a atendente chamou a gerente do local, que veio com um cardápio em
mãos e me perguntou “qual a sua alergia e o que você gostaria de comer?”.
Inocente como eu só, respondi “no meu caso, só salada, né?”, e ela retrucou
“não, pode ser qualquer coisa do cardápio!”. Com um brilho no olho eu não
pestanejei “um Angus Burger sem queijo e extra bacon, por favor!”. E foi assim que
eu aprendi que a Disney é realmente um lugar mágico! Comi sanduíche, pizza,
spaghetti... tudo sem glúten! Até sorvete de chocolate sem lactose eu tomei no
Magic Kingdom!
Dentro do restaurante Pollo Campero, em Downtown Disney, há
uma bakery chamada Babycakes que vende apenas produtos vegan (sem lactose,
gluten e ovo): brownies, cookies, doughnuts, muffins... Todos com diversos
sabores e simplesmente fantásticos! Um verdadeiro paraíso para os celíacos!
A doença celíaca ainda é novidade para muitos e ainda são
poucos os restaurantes pelo Brasil que se preocupam com esta parcela da
clientela, que ainda é pequena. Mas estas minhas experiências me deram um pouco
de esperança de um dia encontrar com facilidade restaurantes na minha cidade
que ofereçam um bom serviço para aqueles com a doença celíaca e outras
intolerâncias.